Doug Lemov: aula nota 10 para a Seduc-SP

“Acho que as técnicas que descrevo são úteis inclusive para docentes que têm amplo conhecimento da disciplina que lecionam” (Lemov em entrevista para a Folha de São Paulo em 2010).

Doug Lemov está no cotidiano escolar paulista gostem ou não. Com a mudança de secretário da educação em 2022 e a chegada do Material Digital o livro Aula Nota 10 se tornou o carro chefe da educação paulista, substituindo, ao menos diretamente, o livro Ensino híbrido: personalização e tecnologia da educação de Lilian Bacich, o queridinho do secretário anterior (2018-2021) e até o livro as Dez novas competências para ensinar de Phelippe Perrenoud, que desde o início dos anos 2000 era tido como o antídoto ao método considerado tradicional de transmitir conhecimento, ou seja, a famosa aula “GLS” Giz, Lousa e Saliva.

“Meu livro trata muito mais de como transmitir o conhecimento para os alunos” (Lemov para a Folha de São Paulo).

Doug Lemov tem uma leitura leve semelhante a um diálogo, trata-se de um trabalho de campo onde ele visitou escolas e “compilou” técnicas e saberes docentes aplicados em sala de aula. As técnicas têm como ponto focal a gestão de tempo, de sala, de conteúdo e de pessoas, mas sem se apegar e/ou depender de aparatos tecnológicos, o que é um diferencial se comparado a Lilian Bacich que centralizou o ensinar ao uso da tecnologia digital.

Livrinho de algumas técnicas. 

 

No meu entendimento esse distanciamento da tecnologia digital é bom. Nossas escolas nem sempre contam com a parafernália tecnológica disponível, daí a importância de soluções didáticas que condizem com a nossa realidade.

Na página 13 do prefácio à edição brasileira, do livro Aula nota 10 de 2011, Ilona Becskeházy e Guiomar Namo de Mello fazem uma observação interessante sobre o livro.

“São práticas simples, mas que pouquíssimos professores têm a oportunidade de aprender de forma sistematizada. Ao organizá-las em conjunto e apresentá-las didaticamente, o autor muitas vezes nos passa aquela deliciosa sensação que se tem quando o óbvio é enunciado: "Ah! Então era isso!". Trata-se, sem dúvida, de um guia extremamente útil para todos aqueles que diariamente enfrentam o desafio de ensinar. Por isso mesmo, útil também - quem sabe provocativo - para os que enfrentam o duplo desafio de ensinar a quem vai ensinar, os professores de futuros professores”

Clique e baixe o livro Aula nota 10: 43 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula (2010).

Embora o título do livro seja agressivo, Aula nota 10: 63 técnicas para melhorar a gestão de sala de aula, dando a impressão de que o docente não soubesse dar aula, o livro traz dicas interessantes e possíveis de serem aplicadas. Elas devem ser pensadas na realidade de cada sala de aula e não ser utilizada como uma cartilha. Algumas são bem adaptáveis às escolas estaduais, outras nem tanto e muitas são similares às já utilizadas por muitos docentes.

Clique e aprofunde seus conhecimento com o artigo Avaliando e Ensinando Técnicas da Taxonomia Lemov para Professores do Ensino Fundamental.

Apesar das dicas de sala de aula sejam interessantes o livro não está imune às críticas como baixo aprofundamento teórico, a simplicidade das técnicas e a forma como o trabalho de campo foi realizado, focado em escolas públicas de administração privada - as charters - o que em tese mascararia as limitações das técnicas. Acredito que o livro pode ser aplicável à realidade brasileira, em nossa frágil e descentralizada política educacional que de quatro em quatro anos recebem novos experimentos de gestão educacional focados em bater metas em avaliações externas.

PPT de algumas técnicas.

 

“Meu ponto é que, em vez de aprender só com teorias, também deveríamos aprender com exemplo dos ótimos professores” (Lemov para a Folha de São Paulo).

Talvez as técnicas ajudem você a repensar suas aulas e sua profissão. Não custa tentar.

Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula (2023).