Da Economia Tradicional à Nova Economia

Da Economia Tradicional à Nova Economia


Nos últimos 30 anos, a economia brasileira passou por profundas transformações. Desde a cadeia produtiva até as relações de trabalho, tudo foi reconfigurado para atender às demandas dos tempos atuais. Até meados dos anos 1990, vivíamos em uma economia fechada ao mercado externo, o que, na prática, resultava em cadeias produtivas com pouca ou nenhuma concorrência, uma vez que o objetivo era atender às necessidades locais e imediatas. Um exemplo disso pode ser observado no setor de calçados: havia apenas duas ou três marcas predominantes, o que limitava significativamente o poder de escolha dos consumidores.

Esse modelo econômico, voltado para um atendimento local e baseado em demandas intuitivas calcadas em crenças, costumes e tradições culturais, foi substituído por um sistema mais eficiente. Com a abertura econômica e a entrada do Brasil na era da Globalização e do Neoliberalismo, as empresas nacionais enfrentam dois caminhos: 1) ajustar seus modelos de gestão/negócio à competição externa; ou 2) assistir à extinção de suas operações. As que optaram pelo ajuste tiveram de reconfigurar drasticamente suas práticas e conceitos de economia, pois não estavam mais protegidas pelo Nacional-Desenvolvimentismo do Estado brasileiro.

Nesse contexto, surgem as Novas Economias. O avanço na tecnologia de armazenamento e transmissão de dados permitiu a consolidação de um novo pilar no debate econômico: os resultados-chave e os ativos produtivos passaram a ser baseados na ciência de dados, na quantidade de informação e no conhecimento gerado. Em um ambiente de concorrência global, agilidade e gestão eficiente dos recursos tornaram-se fundamentais para a competitividade.

As Novas Economias têm como essência a busca por novos mercados por meio da inovação, alta tecnologia, empreendedorismo, competitividade e sustentabilidade. Esses cinco elementos definem a Nova Economia e sustentam sua essência: a geração de oportunidades e valores ainda inexistentes.

Comparando a Economia Tradicional com a Nova Economia, encontramos semelhanças e diferenças. Na Economia Tradicional, o foco está na produção de bens, com inovação e tecnologia limitadas, adoção de práticas repetitivas e processos manuais e analógicos. Este modelo busca o acesso político e ao capital e reflete o modelo Fordista, priorizando a quantidade. Já a Nova Economia prioriza a venda de serviços, o alto crescimento, produtos inovadores e customizados, com um intenso uso de tecnologia da informação. Além disso, sua mentalidade é colaborativa e criativa, sendo guiada pela tecnologia e pelas demandas dos consumidores.

Entretanto, a Nova Economia trouxe novos desafios, como a sustentabilidade. Em um modelo produtivista e consumista, a demanda por produtos com vida útil mais curta tornou-se evidente. Por exemplo, os carros da década de 1970 utilizavam mais ferro, enquanto os modelos atuais utilizam maior proporção de plástico, reduzindo sua vida útil. Esse consumo indiscriminado de recursos naturais tem gerado desequilíbrios ambientais.


Como resposta a esses desafios, destaca-se a Economia Circular, que visa integrar negócios, sociedade e meio ambiente, desvinculando o crescimento econômico das práticas predatórias de exploração de recursos naturais. A Economia Circular promove o uso de fontes renováveis de energia, eficiência em toda a cadeia produtiva e a participação ativa de diferentes atores econômicos. Em essência, ela busca transformar resíduos em economia de matéria-prima, mão de obra, energia e capital, além de reduzir a poluição.


Por outro lado, modelos como Fast Food e Fast Fashion representam práticas opostas à Economia Circular. O Fast Fashion, em particular, é caracterizado por produção em massa, exploração de mão de obra barata e incentivo ao consumo exacerbado, ignorando questões socioambientais. Em contraste, o Slow Fashion propõe um modelo produtivo mais lento e sustentável, baseado em três princípios: desacelerar, fazer melhor e buscar justiça social. Ele adota práticas como o uso consciente dos recursos, a compra de segunda mão e o consumo apenas quando necessário.

Por fim, cabe ressaltar o papel da Economia Verde, promovida por organismos como o Banco Mundial e a ONU, que ganhou destaque após a crise econômica de 2008 e a conferência Rio+20. Essa agenda tem como objetivo principal a descarbonização e a promoção de um crescimento mais sustentável. Contudo, é criticada pela financeirização da natureza, por meio da venda de créditos de carbono, que cria a lógica de que “quem pode pagar, pode poluir”.

A Nova Economia tem forte relação com as Startups, empresas inovadoras e tecnológicas que buscam resolver problemas e atender demandas de mercado com escalabilidade e alto potencial de crescimento. Elas desempenham papel crucial na transformação digital, desenvolvimento econômico, geração de empregos e promoção do empreendedorismo, muitas vezes desafiando empresas tradicionais e estabelecendo novos padrões de consumo.


O texto explora as transformações da economia brasileira e global ao longo dos últimos 30 anos, com destaque para a transição da Economia Tradicional Fordista para a Nova Economia, caracterizada pela flexibilidade, avanço tecnológico e fragmentação. Modelos como Economia Verde, Startups e Slow Fashion representam novas formas de produção que estão presentes em diferentes partes do mundo, transformando de maneira significativa a forma como nos relacionamos com a produção, o consumo e o trabalho.

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